Cai número de assaltos, mas violência aumenta
Patrícia SantanaCai número de assaltos a residências na capital. Em contrapartida, os bandidos estão mais violentos durante a prática dos crimes. Dados da Secretaria Estadual de Segurança Pública (SSPJ/GO) apontam queda de 9,24% nos casos de assaltos a residências em Goiânia, de janeiro a setembro deste ano em relação ao mesmo período de 2008. Especialistas caracterizam a queda como migração deste, para outros crimes. “Os bandidos profissionais praticam um ou dois assaltos bem-sucedidos ao ano. Dão um tempo praticando outros crimes, como o tráfico, por exemplo, e depois voltam a assaltar”, explica o delegado Douglas Pedrosa, da Deic.
A violência urbana vem crescendo de forma assustadora no País. De acordo com autoridades policiais, as ondas de roubos, assaltos e sequestros em residências atingem todas as regiões brasileiras e todas as classes sociais. Há alguns meses apenas as casas de setores nobres eram visadas pelos assaltantes. “Atualmente não há mais distinção de localidade ou de classe social. Qualquer um está sujeito a ser assaltado. Ninguém está livre do fantasma da violência urbana”, diz o major Luiz Alberto Sardinha Bittes, comandante do 1º Comando da PM da capital.
Além de avançar para as regiões periféricas das cidades, os assaltantes têm criado novas técnicas para adentrar as residências e render os moradores. Os criminosos se disfarçam de entregadores de pizza, de flores e até mesmo de prestadores de serviços de empresas sérias como a Celg e a Saneago. O vendedor Marcos Paulo (nome fictício), 38 anos, teve sua casa, no Jardim Fonte Nova, invadida por bandidos quando um falso funcionário da Saneago disse verificar o hidrômetro. “Ele passou do portão pra dentro, rendeu minha mãe com uma arma e nos trancou no banheiro”, relata.
No momento da abordagem, estavam na casa o vendedor e a mãe dele, de 70 anos. De acordo com a vítima, mãe e filho foram humilhados e agredidos fisicamente, além de ter o veículo, dinheiro, eletrodomésticos e objetos pessoais roubados. “Eles foram muito agressivos. O que se disfarçou estava armado e ameaçava atirar a todo tempo”, relata Marcos enfatiza a sensação de impotência durante o fato. “O erro do ser humano é achar que as coisas não acontecem com ele. É preciso ficar mais atento.”
Depois do susto, a vítima optou por instalar equipamentos de segurança como câmeras, cerca elétrica, sensor de presença e botão de pânico em sua residência. “A gente só passa o cadeado depois que o ladrão entra”, finaliza.
Casos como esse fazem com que Goiânia, que já foi conhecida como uma das cidades mais seguras do Brasil, esteja hoje entre as mais violentas. “Há dez anos Goiânia era apontada como a quinta cidade mais segura do Brasil, hoje estamos entre as dez mais violentas”, avalia o senador Demóstenes Torres, ex-secretário de Segurança Pública de Goiás.
Segundo a polícia, a violência usada pelos assaltantes é uma arma de intimidação. Uma forma de mostrar que não estão para brincadeira. “Essa tem sido a tônica dos assaltos na capital, o roubo recheado de atos de crueldade”, ressalta Bittes. Esses assaltos, no entanto, tornaram-se rotina em Goiânia e em diversas capitais do País. Nas capitais de São Paulo e Rio de Janeiro, por exemplo, o número de casos do tipo mais que dobrou em relação ao ano de 2008. Na Deic, em Goiânia, é registrado, em média, um assalto a cada dois dias.
Providências
A situação de atos violentos na prática de assaltos sugere ações emergenciais para inibir os bandidos. A principal delas seria a operação ostensiva de prevenção nas ruas da cidade. “Ou se aumenta o efetivo policial ou se terceiriza o trabalho burocrático, liberando militares para atuar nas ruas, na defesa do cidadão”, diz o especialista em segurança privada Ivan Hermano Filho.
“Acima de todas as prioridades, a segurança pública assume caráter de urgência sob pena de ter uma sociedade humilhada, agredida e morta pela ação do crime cada vez mais organizado em nossa sociedade”.
De acordo com Ivan, a presença de policiais bem armados e bem treinados nas ruas inibe a ação dos marginais. “As pessoas estão com medo até de pedir pizza em casa, porque até de entregadores os bandidos se disfarçam”, conta